Inês foi levada à presença de D. Afonso IV por Diogo López Pacheco senhor de Ferreira, Álvaro Gonçálvez meirinho-mór, e Pero Coelho, todos eles conselheiros do rei. Naquele tempo, competia ao rei aplicar a justiça, já que não havia a separação de poderes. Assim, mesmo os tribunais existentes nas diferentes regiões do país, aplicavam a lei em nome do rei e por delegação deste. Contudo não competia, nessa época, a nenhum tribunal julgar qualquer membro da família real.
Inês de Castro não era da família real, mas vivia de facto com o príncipe. Logo, tudo o que se relacionasse com ela, era assunto da casa real e, por isso, só o rei poderia tomar qualquer decisão. Como habitualmente, o rei ouvia os seus conselheiros, antes de qualquer decisão. Álvaro Gonçálvez era o meirinho-mór do rei o que significa que era o mais alto magistrado judicial do reino.
Estes senhores aconselharam o rei, tendo como ponto de partida o receio da perda de independência motivado pela influência dos irmãos de Inês e pelo muito ruído que se foi criando sobre pretendentes ao trono português.
D. Pedro, perante a morte da sua amada, revoltou-se contra o pai e iniciou uma guerra que só não teve consequências mais graves porque D. Beatriz, mãe de D. Pedro, interveio no sentido de estabelecer um consenso que permitisse a paz entre pai e filho. Foi feito um tratado onde D. Pedro se comprometeu a não perseguir, perdoar e esquecer tudo perante a presença de várias testemunhas.
Contudo, o rei temendo que o seu filho não cumprisse a promessa efectuada, aconselhou os fidalgos a saírem do reino. Quando D. Pedro sobe ao trono, como rei de Portugal, inicia o processo de vingança. Para isso, estabelece um acordo com D. Pedro de Castela no sentido de fazer regressar a Portugal os três conselheiros de seu pai. Destes a Diogo López Pacheco, conseguiu fugir, dirigindo-se para o reino de Aragão. Álvaro Gonçálvez e Pero Coelho regressaram a Portugal, tendo D. Pedro condenado -os a uma morte particularmente cruel: a Pero Coelho foi retirado o coração pelo peito e a Álvaro Gonçálvez foi retirado pelas costas.
Passou-se isto no ano de 1360.
Margarida Pereira.
Sofia Azevedo.
Texto baseado em: Biografias Da História de Portugal – Inês de Castro, de António de Vasconcelos e coordenação de José Hermano Saraiva, volume 26.
Imagens retiradas da internet.