quarta-feira, 18 de maio de 2011

Memória

Inês, Inês,
O tempo fere mais que o sangue!
Inês em nós,
Amor que as pedras amacia.
Memória, lume vivo,
Eterna melodia.
Águas do Mondego,
Que grito fatal vos rasgou o leito?!
Amor nascido sem medo,
Por isso verdadeiro.
Doces no passar ameno,
Madrigais de silêncio,
Soluços de nunca mais
Despertando ervas frias,
Testemunhas de punhais.
                                                                
Eduardo Aroso, In «Habitante Sensível»
          
Imagem retirada da internet.

A lamentável catástrofe de D. Inês de Castro



Da triste, bela Inês, inda os clamores
Andas, Eco chorosa, repetindo;
Inda aos piedosos Céus andas pedindo
Justiça contra os ímpios matadores;

Ouvem-se inda na Fonte dos Amores
De quando em quando as náiades carpindo;
E o Mondego, no caso reflectindo,
Rompe irado a barreira, alaga as flores:

Inda altos hinos o universo entoa
A Pedro, que da morte formosura
Convosco, Amores, ao sepulcro voa:

Milagre da beleza e da ternura!
Abre, desce, olha, geme, abraça e c'roa
A malfadada Inês na sepultura.


                                                 Bocage

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Quem foram os algozes de Inês?

Inês foi levada à presença de D. Afonso IV por Diogo López Pacheco senhor de Ferreira, Álvaro Gonçálvez meirinho-mór, e Pero Coelho, todos eles conselheiros do rei.
Naquele tempo, competia ao rei aplicar a justiça, já que não havia a separação de poderes. Assim, mesmo os tribunais existentes nas diferentes regiões do país, aplicavam a lei em nome do rei e por delegação deste. Contudo não competia, nessa época, a nenhum tribunal julgar qualquer membro da família real.
Inês de Castro não era da família real, mas vivia de facto com o príncipe. Logo, tudo o que se relacionasse com ela, era assunto da casa real e, por isso, só o rei poderia tomar qualquer decisão. Como habitualmente, o rei ouvia os seus conselheiros, antes de qualquer decisão. Álvaro Gonçálvez era o meirinho-mór do rei o que significa que era o mais alto magistrado judicial do reino.
Estes senhores aconselharam o rei, tendo como ponto de partida o receio da perda de independência motivado pela influência dos irmãos de Inês e pelo muito ruído que se foi criando sobre pretendentes ao trono português.
D. Pedro, perante a morte da sua amada, revoltou-se contra o pai e iniciou uma guerra que só não teve consequências mais graves porque D. Beatriz, mãe de D. Pedro, interveio no sentido de estabelecer um consenso que permitisse a paz entre pai e filho. Foi feito um tratado onde D. Pedro se comprometeu a não perseguir, perdoar e esquecer tudo perante a presença de várias testemunhas.
Contudo, o rei temendo que o seu filho não cumprisse a promessa efectuada, aconselhou os fidalgos a saírem do reino.
Quando D. Pedro sobe ao trono, como rei de Portugal, inicia o processo de vingança. Para isso, estabelece um acordo com D. Pedro de Castela no sentido de fazer regressar a Portugal os três conselheiros de seu pai. Destes a Diogo López Pacheco, conseguiu fugir, dirigindo-se para o reino de Aragão. Álvaro Gonçálvez e Pero Coelho regressaram a Portugal, tendo D. Pedro condenado -os a uma morte particularmente cruel: a Pero Coelho foi retirado o coração pelo peito e a Álvaro Gonçálvez foi retirado pelas costas.
Passou-se isto no ano de 1360.

Margarida Pereira.
Sofia Azevedo.

Texto baseado em: Biografias Da História de Portugal – Inês de Castro, de António de Vasconcelos e coordenação de José Hermano Saraiva, volume 26.
Imagens retiradas da internet.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Fonte dos Amores: Onde fica? E qual a sua origem?



A Fonte dos Amores situa-se em Coimbra, junto a uma unidade hoteleira, instalada na Quinta das Lágrimas. Esta pode ser visitada, desde que as pessoas interessadas peçam autorização atempadamente, à direcção do hotel.
Esta fonte tem uma longa história que se inicia no tempo da Rainha Santa Isabel, fundadora do Mosteiro de Santa Clara, em Coimbra. Em 1317, quando este Mosteiro começou a ser habitado, era necessário abastecê-lo com água. Naquele tempo, não era fácil levar água de um lado para o outro. Assim, foi necessário encontrar uma nascente de água potável, construir um rego que a levasse desde essa nascente até ao mosteiro. Esta foi encontrada na Quinta do Pombal, pertença dos Frades de Stª. Cruz de Coimbra.
O rego construído, a certa altura, foi dividido em duas partes, uma que se dirigia para o Mosteiro de Santa Clara, e outra para o paço real. Esta ramificação convergia numa fonte, a qual mais tarde passou a ser conhecida por Fonte dos Amores.
«A Rainha Santa queria, para além da água, a área à volta da fonte: para ir, vir e estar. O sítio de estar passou a chamar-se, ainda antes de Inês e Pedro, Fonte dos Amores. Ninguém sabe porque lhe puseram o nome, mas facilmente se imagina que o lugar era tão fresco e tão calmo que atraía a si o que de melhor há no mundo, o Amor. Sagrado ou profano, o Amor é cantado desde a Idade Média como a mais perfeita expressão da felicidade; e o jardim é o seu lugar de eleição.»
A Fonte dos Amores tornou-se famosa a partir de Luís de Camões e da sua obra Os Lusíadas. Esta fonte «não é uma fonte de pedra esculpida. Sai simplesmente da rocha, limpa, e sempre em suave movimento; entra ao nível do chão no canal que parece relembrar a tragédia de Inês com as algas encarnadas que o povo jura ser o sangue de Inês.»

Texto baseado na obra Biografias da História de Portugal – Inês de Castro, de António de Vasconcelos, sob Coordenação de José Hermano Saraiva, volume 26 e http://www.fundacaoinesdecastro.com/index.php?option=com_content&view=article&id=16&Itemid=22
Imagens retiradas da internet.
Sofia Azevedo.
Margarida Pereira.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

SABIAS QUE...

…existe uma ponte chamada Ponte Pedro e Inês?
Essa ponte situa-se em Coimbra, sobre o rio Mondego e foi inaugurada em Novembro de 2006.
É uma ponte diferente do habitual, já que se destina apenas a peões e a ciclistas. Tem 275 metros de comprimento e foi projectada pelo engenheiro Cecil Balmond e pelo arquitecto Adão da Fonseca.
Esta ponte tem um passadiço de madeira e as guardas ou lados são feitas em vidro com quatro cores diferentes: amarelo, azul, verde e rosa. Este colorido dá-lhe um aspecto único e diferente, tal como podes observar nestas imagens.
Esta ponte é muito bonita e já recebeu vários elogios a nível nacional e internacional.
Se quiserem visitar esta ponte, deverão ir até à cidade de Coimbra e procurar o Parque Verde do Mondego.






quarta-feira, 23 de março de 2011

Descendência e ascendência de Inês de Castro

Dª Inês teve quatro filhos do seu relacionamento com o Infante D. Pedro. Foram eles: D. Afonso (falecido pouco depois de nascer), D. João, D. Denis e Dª Beatriz.
Estas crianças foram fonte de preocupação para o velho rei D. Afonso IV, uma vez que eles poderiam constituir uma ameaça para a segurança do estado. Esta ameaça advinha do facto de serem filhos ilegitimos de D.Pedro, mas poderem concorrer à sucessão ao trono português com D.Fernando, filho legitimo de D. Pedro e Dª Constança. Esta situação ocorreria mais facilmente se D. Pedro e Dª Inês se casassem. A família de D. Inês, de ascendência nobre e galega, tinha pretenções de chegar ao trono do reino de Leão e Castela e também de Portugal. Pretendiam fazê-lo através dos filhos de Inês, mas usando também D. Pedro que deveria concorrer ao trono de Leão e Castela, uma vez que era descendente do rei D.Sancho IV deste reino.
A confusão estava instalada e o medo também. D.Afonso IV receava que a família Castro matasse o seu neto legítimo, para lhe suceder no trono um dos filhos de Inês. Por outro lado, temia que D. Pedro envolvesse Portugal numa guerra com Castela para conquistar o seu trono. D. Afonso IV queria viver em paz com os reinos vizinhos e a família Castro constituia uma ameaça a essa paz.
É neste contexto difícil, a que se juntou muitos murmúrios na corte, que D. Afonso IV vai ter que tomar a sua posição face ao relacionamento do seu filho com esta nobre galega.
Neste caso, podemos dizer que a família foi inimiga do amor.

Margarida Pereira.
Sofia Azevedo.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Bruma do Tempo

A permanência de Inês de Castro na cidade de Coimbra e junto aos campos do Mondego inspirou e continua a inspirar os autores portugueses para esta temática.
Aqui vai mais um exemplo de um poema musicado sobre a relação de Inês com o Mondego:

Carrega aqui para ouvires a música:
http://www.box.net/shared/xqy8z62aov


Infinita foi a mágoa
Nos campos de Mondego
E as ninfas chorando
Seu pranto mudaram

De água e cristal
Em fonte de lágrimas

Cinzas soprando no vento
Até ao fim do mundo
Sua lenda perdura
Tão bela e tão doce
Raio de luz desmaiada
Ondina fatal vestida de bruma.

Este poema e música fazem parte do livro de Ângelo da Silva, A História de Inês de Castro, da Editora Letras & Coisas.